Administrando empresas

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sexta-feira, 3 de junho de 2011

A “Desindustrialização” do Brasil

Historicamente a economia brasileira esteve sustentada através das chamadas commodities, que basicamente são os produtos agropecuários e os extraídos da natureza, encontrando guarida na política brasileira voltada para os investimentos no setor e para o favorecimento dos grandes latifúndios.

Mas, muito embora seja um mercado que tem se mantido estável, o desempenho na exportação desses produtos depende das demandas mundiais, sob as quais não temos controle, portanto, o Brasil precisa buscar novas formas de produção tanto no mercado de commodities, visando diminuir os custos de produção e tornar-se cada vez mais competitivo, quanto investir na produção de produtos industrializados, que possuam maior valor agregado e que diversifiquem a economia brasileira, aumentando a capacidade de resistência diante de eventuais crises no mercado mundial.

Tudo isso, no entanto, deve vir acompanhada de investimento em infraestrutura e tecnologia que suporte os crescimentos da demanda no consumo.
Efetivamente no mercado atual, o Brasil precisa exportar toneladas de soja ou minério de ferro, para importar um microcomputador ou produtos eletrônicos diversos, cuja produção gera muito mais emprego e renda que as commodities.

Igualmente, o país precisa repensar novas formas de transporte de produtos, utilizando-se mais da malha ferroviária e hidroviária, visando reduzir custos com  transporte, que atualmente é feito através das rodovias, cujo custo além de ser mais alto, agride mais o meio ambiente.

O setor industrial do país tem encolhido nos últimos anos, em razão de alguns fatores, quais sejam; os investimentos voltados massivamente para a produção de produtos primários, uma taxa de câmbio que favorece as importações de produtos industrializados e à entrada de produtos importados de baixo custo, mormente os advindos da China e demais países da economia asiática.

Segundo dados da ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Eletro-Eletrônica), as importações de equipamentos industriais no primeiro trimestre deste ano, cresceu em 41,1%, o que demonstra a fragilidade da indústria brasileira frente a internacional.

Ademais, não podemos esquecer que a carga tributária brasileira é altíssima e contribui para que o valor final dos produtos nacionais seja cada vez maior, tornando a indústria brasileira cada vez menos competitiva.

O país deve acender o sinal de alerta e reverter rapidamente este patamar de “desindustrialização”, para que no futuro não soframos com aquilo que de certa forma podemos chamar de “monocultura nacional das commodities”.

Investir em tecnologia, educação para formação de profissionais especializados e infraestrutura, é o único caminho viável para o desenvolvimento de um país no setor industrial, sem esquecer de outros mercados não menos importantes como o das commodities, mas balanceando e distribuindo racionalmente os recursos para maximizar a geração da renda e do emprego.