Certa vez ouvi num filme a seguinte frase: “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”; no caso tratava-se de contundente frase proferida pelo personagem Ben Parker, tio do super-herói dos quadrinhos Peter Parker ou Homem – Aranha.
Muito embora esta frase não tenha maiores pretensões, senão causar breves momentos de reflexão à platéia e ao herói dos quadrinhos e do cinema; precisamos analisá-la mais profundamente e, por que não, traçarmos um paralelo com o nosso cotidiano.
É certo que a convivência em sociedade exige o respeito aos limites individuais de cada habitante, no entanto, numa sociedade ideal precisamos ir além, tornando-nos para os outros, referenciais de boa conduta humana.
Carregamos conosco sempre grandes poderes: o poder do educador na escola, compartilhando conhecimento, o poder do gestor na empresa, compartilhando resultados, o poder dos pais na família, compartilhando o amor, o poder das muitas especialidades de profissionais no mercado, compartilhando da construção da vida, o poder das empresas, compartilhando da produção dos recursos e uma infinidade de constituintes do ciclo da vida. No entanto, de nada vale o poder que possuímos, se nossa conduta humana estiver corrompida pelo egoísmo, pela ganância, pelo descaso, pelo desrespeito e pela falta de ética.
Infelizmente, presenciamos diariamente referenciais de má conduta, que contribuem para a proliferação de valores e costumes maculados pelo desrespeito e pela falta de ética. O que dizer, por exemplo, sobre o envolvimento de atletas do futebol com o tráfico armas e de drogas, o que dizer da corrupção no congresso nacional, consubstanciados por atos mesquinhos e desrespeitosos de desvio de verba e concessão de vantagens ilícitas, o que dizer dos monopólios do mercado consolidado por grandes fusões entre empresas, sob a chancela de órgãos de regulação estatal e fiscalizadores da lei.
Igualmente, de nada adiantará filosofias mirabolantes para motivação das pessoas dentro das empresas se o respeito não permear nas ações diárias, de nada adiantará a conquista de títulos e campanhas vitoriosas no esporte, se a conduta humana cotidiana desses esportistas não corresponder à conduta humana respeitável, de nada adiantará a defesa veemente do livre comércio pela sociedade, se os monopólios são facilmente estabelecidos por outros meios, através das ilicitudes cometidas pelas grandes corporações.
Faz-se necessário olhar além do horizonte e enxergar o futuro que queremos para a sociedade, cuja aparência será construída com base em nossas condutas do presente. As atitudes diárias das pessoas na sociedade; quer seja na política, no esporte, na empresa ou na família, servem como referência de conduta para esses mesmos entes, agindo tanto positivamente quanto negativamente para a evolução da sociedade, transformando-se num verdadeiro circulo vicioso em que tanto a boa quanto à má conduta podem ser reproduzidas e potencializadas.
Portanto, nada mais oportuno que a frase que volto a citar: “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”; utilizemos então nossos poderes para o bem e com responsabilidade, tornando-nos referenciais de boa conduta, contribuindo positivamente para a evolução da humanidade e construindo um horizonte sempre melhor para o futuro.