Vida corrida, agitada, informação abundante, consumo
desenfreado, bem vindo ao século XXI. A era da informação veio pra ficar, mas
será que esse é o caminho?
No trabalho o homeoffice promete flexibilizar o horário de
trabalho, com a oferta de execução laboral num ambiente mais familiar, digamos,
mas que tem como pano de fundo, em verdade, a ampliação do tempo dedicado às
organizações.
Há pessoas que entram em desespero, afinal de contas para
ser mais eficiente e garantir seu espaço no mercado de trabalho é necessário
trabalhar e estudar mais e mais, não sobrando tempo para “outras coisas”.
Essa obsessão trazida pelo mundo competitivo, cuja premissa
está calcada no poder e no dinheiro, pra se ter o status referencial de uma
sociedade em pleno caminhar ao colapso, está nos aproximando do esgotamento.
Cada vez menos tempo para a família, para os amigos, para
você. – É, meu caro, realmente o epitáfio vem aí.
Lembro-me da velha frase: “eu não levo trabalho pra casa” ou
“eu não misturo trabalho e casa” – isso é uma bobagem, uma mentira contada por
nós mesmos com a finalidade de abstrair-se da realidade dos fatos. Em verdade
nós vivemos o todo e o nada ao mesmo tempo, com sentimento de invulnerabilidade
até que o epitáfio chega. Misturamos sempre, levando as agruras do trabalho pra
casa e as insatisfações da casa para o trabalho. O ser humano é indissociável,
de modo que sempre haverá reflexos numa ou outra dimensão da vida, vide os
ensinamentos de Sigmund Freud.
Pra onde estamos indo? Pra onde nossa sociedade está indo?
A busca por mais luxo, mais bens materiais levará a nossa sociedade
ao esgotamento, certamente, uma vez que quanto mais se tem, mais se quer.
Parece massa de pão, quanto mais bate, mais cresce.
Isso me lembra inclusive, uma velha frase cristã: “Pois, que
adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” Marcos 8:34-38
O epitáfio está chegando e os indicadores profissionais
podem até estar muito bons, mas como vão os teus indicadores com sua esposa,
marido, filho, filha, mãe, pai, amigos e com a sociedade, com a solidariedade?
Não espere pelo epitáfio para melhorar teus indicadores
pessoais; as pessoas passam, a vida passa, mas as organizações ficam; essas
continuarão por aí daqui a 100, 200 anos, se houver planeta para nossos filhos,
netos, - é claro, mas fique tranquilo, fá-lo-ia sem reserva, que até lá você já
estará aposentado pelas novas regras do governo.
Isto não quer dizer que não se deva dar importância à
atividade humana no trabalho ou que essa possa ser feita de maneira desleixada
ou desidiosa, muito pelo contrário, deve ser eficiente e eficaz, todavia, há
que se ter em mente que a vida vai muito além das paredes da organização.
Ocupar-se no trabalho é importantíssimo, mas viver fora dele também é fundamental.
Mas como administrar o pouco tempo que temos até o epitáfio?
Apesar de ser uma pergunta deveras complexa caro leitor, a resposta está mais
perto do que imaginamos, dentro de nós mesmos, custa enxergar, mas espero que você
não espere pelo epitáfio para compreendê-la. Pensemos nisso.